Ansiedade e Depressão em Crianças e Adolescentes: O Que os Médicos Orientam

A ansiedade e a depressão, estão entre as condições mais diagnosticadas nessa faixa etária…

Nos últimos anos, os transtornos de saúde mental em crianças e adolescentes têm ganhado cada vez mais atenção de especialistas, educadores e famílias. A ansiedade e a depressão, em especial, estão entre as condições mais diagnosticadas nessa faixa etária, afetando não apenas o bem-estar emocional, mas também o desempenho escolar, as relações sociais e a qualidade de vida.

Embora seja natural que crianças e adolescentes enfrentem momentos de tristeza, medo ou preocupação, quando esses sentimentos se tornam frequentes, intensos e prejudicam a rotina, é hora de ligar o sinal de alerta.

O que os médicos observam como sinais de ansiedade e depressão?

Ansiedade

De acordo com especialistas, a ansiedade em crianças e adolescentes pode se manifestar de forma diferente do que nos adultos. Alguns sinais incluem:

• Medos excessivos ou desproporcionais à idade (como medo intenso da escola ou de separação dos pais);
• Irritabilidade e nervosismo constantes;
• Queixas físicas recorrentes (dores de cabeça, dores abdominais) sem causa aparente;
• Dificuldade de concentração e insônia;
• Preocupação exagerada com o futuro ou com pequenos detalhes do dia a dia.

Depressão

Já a depressão na infância e adolescência pode ser confundida com “fase difícil” ou “rebeldia”, mas vai além disso:

• Tristeza persistente e falta de interesse em atividades antes prazerosas;
• Alterações no apetite e no sono;
• Isolamento social e dificuldade em se relacionar;
• Baixa autoestima e sentimentos de inutilidade;
• Queda no rendimento escolar;
• Em casos mais graves, pensamentos de morte ou suicídio.

Por que essas condições estão aumentando?

Médicos e psicólogos apontam múltiplos fatores:

• Excesso de pressão escolar e expectativas sociais;
• Uso intenso de telas e redes sociais, que aumentam a comparação e o sentimento de inadequação;
• Mudanças familiares, como separação dos pais ou luto;
• Bullying presencial ou virtual;
• Predisposição genética e histórico familiar de transtornos mentais.

O que os médicos orientam as famílias a fazer?

1. Observar e levar a sério os sinais
   Não minimizar queixas emocionais. Comentários como “isso é frescura” ou “vai passar” podem agravar a situação.
2. Buscar ajuda especializada cedo
   A avaliação de um pediatra, psiquiatra infantil ou psicólogo é fundamental para diferenciar um comportamento esperado da idade de um transtorno que precisa de tratamento.
3. Estimular o diálogo
   Abrir espaço para conversas honestas, sem julgamentos. Crianças e adolescentes precisam se sentir seguros para expressar o que estão vivendo.
4. Valorizar hábitos saudáveis
   Sono adequado, alimentação equilibrada e atividade física regular são grandes aliados da saúde mental.
5. Limitar e supervisionar o uso de telas
   O tempo excessivo em redes sociais pode intensificar sintomas de ansiedade e depressão. É importante estabelecer limites claros e incentivar atividades fora do mundo digital.
6. Criar uma rede de apoio
   Professores, familiares, amigos e profissionais de saúde podem trabalhar juntos para oferecer suporte emocional.

Tratamento

O tratamento varia conforme a gravidade do quadro e pode incluir:

• Psicoterapia: abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajudam a criança ou adolescente a lidar com emoções e pensamentos de forma mais saudável.
• Intervenções familiares: orientar pais e cuidadores sobre como apoiar o jovem no dia a dia.
• Medicamentos: em casos mais graves, o médico pode indicar antidepressivos ou ansiolíticos, sempre com prescrição e acompanhamento rigoroso.

A ansiedade e a depressão em crianças e adolescentes são condições sérias, mas com tratamento adequado, acompanhamento e apoio familiar, é possível recuperar o equilíbrio emocional e retomar uma vida saudável. O primeiro passo é reconhecer os sinais e buscar ajuda o quanto antes.

Cuidar da saúde mental na infância e adolescência é investir em um futuro mais seguro, confiante e feliz.

Fontes:

• Organização Mundial da Saúde (OMS) – Adolescent mental health. Geneva, 2021.
• American Academy of Pediatrics (AAP) – Anxiety and depression in children: what parents should know.
• Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – Diretrizes sobre saúde mental na infância e adolescência.
• Fiocruz – Publicações sobre saúde mental de crianças e adolescentes no Brasil.
• Hospital Israelita Albert Einstein – Conteúdos sobre ansiedade, depressão e saúde mental infantil.
• National Institute of Mental Health (NIMH) – Child and adolescent mental health.