Por que é inadequado tratar idosos com um tom infantil?

O envelhecimento é um processo natural da vida, e merece ser vivido com dignidade, respeito e autonomia. No entanto, ainda é comum vermos idosos sendo tratados de forma infantilizada, com linguagem simplificada, tom de voz exageradamente doce ou até apelidos diminutivos — como se fossem crianças. Embora muitas vezes essa atitude parta de uma intenção carinhosa, ela é inadequada e desrespeitosa.

O que é infantilização do idoso?

Infantilizar o idoso é tratar um adulto como se fosse uma criança, seja no tom de voz, nas palavras utilizadas ou na forma de se referir a ele. Isso pode acontecer em ambientes familiares, instituições de saúde, lares de longa permanência e até em interações sociais do dia a dia.

Exemplos comuns:

• Usar vocabulário exageradamente simples: “Vamos comer a papinha agora, meu anjinho?”
• Falar no diminutivo: “Vamos tomar o remedinho, vovozinha?”
• Ignorar suas opiniões ou vontades, decidindo por ele: “Não, ela não precisa disso agora. Eu sei o que é melhor.”

Por que essa prática é inadequada?

1. Fere a dignidade da pessoa idosa

O idoso é um adulto com uma história de vida, opiniões, valores e conquistas. Tratá-lo como criança desvaloriza sua trajetória e sua identidade.

2. Diminui sua autonomia

A infantilização pode reforçar a ideia de dependência, mesmo quando o idoso ainda tem plena capacidade de tomar decisões. Isso prejudica sua autoconfiança e pode levar ao isolamento.

3. Pode causar danos emocionais

Ser tratado como incapaz pode gerar sentimentos de inutilidade, tristeza, frustração e até depressão no idoso. A autoestima tende a diminuir quando ele se sente desrespeitado ou desvalorizado.

4. Afeta a comunicação real

Falar com clareza, objetividade e respeito é essencial em qualquer relação. A infantilização pode atrapalhar a compreensão mútua e fazer com que o idoso se sinta excluído de decisões importantes sobre sua própria vida.

O idoso não é uma criança — e nem deve ser tratado como tal

Mesmo que haja perdas cognitivas, como nos casos de demência ou Alzheimer, o idoso deve ser tratado com a mesma humanidade e respeito que qualquer outro adulto. Adaptar a linguagem ao nível de compreensão é importante — mas isso não significa infantilizar.

O tom acolhedor pode (e deve) ser mantido, mas com postura firme, respeitosa e sem minimizar a condição do idoso. Cuidar é escutar, considerar desejos e dar espaço para que ele se expresse.

Como se comunicar de forma respeitosa com idosos?

• Use uma linguagem clara, sem exageros ou diminutivos desnecessários
• Olhe nos olhos e chame pelo nome
• Pergunte, não imponha: “Você prefere fazer agora ou mais tarde?”
• Fale pausadamente, mas com naturalidade
• Escute com atenção, validando sentimentos e opiniões
• Dê espaço para decisões e envolvimento em atividades do dia a dia

Tratar idosos com respeito é reconhecer que eles continuam sendo adultos com vontade própria, mesmo que precisem de apoio em algumas tarefas. A infantilização, mesmo quando bem-intencionada, pode gerar desconforto, insegurança e perda de autonomia.

Mais do que cuidados físicos, os idosos precisam de reconhecimento, escuta e dignidade. Um envelhecimento saudável começa por relações baseadas no afeto e no respeito mútuo.

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Fontes:

• Organização Mundial da Saúde (OMS) – Ageism in health care. Disponível em: www.who.int
• Ministério da Saúde – Caderno de Atenção Básica: Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa.
• Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente.
• Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) – Recomendações para o cuidado humanizado da pessoa idosa.